2 de maio de 2012

Uma questão de maturidade


O impacto de um "bom dia!"

Além de desenvolver projetos com jovens de 16 a 21 anos, capacitando-os para o mercado de trabalho, a educadora social Rosana Boaventura, que desde 2001 trabalha como educadora social na ONG Ação Comunitária, planta uma sementinha de gentileza, por meio da chamada Cultura de Paz.

Vida Simples conversou Rosana para saber como é possível mudar uma realidade através de pequenas gentilezas.



Como você pratica as pequenas gentilezas em seu dia a dia?


Em minhas aulas trago dois exemplos sugestivos de ações eficazes para a paz: primeiro, a distribuição gratuita de "pequenos nadas". Distribuo aos educandos abraços, sorrisos, bom dia, boa tarde, boa noite, empresto o ouvido, o ombro amigo, o caminhar juntos... 



Outra coisa é difundir o exemplo de um jovem australiano, que resolveu colocar uma placa em si mesmo escrita 'abraços grátis', e saiu pelas ruas abraçando as pessoas. Digo aos meus alunos que a Cultura de Paz quem faz somos nós, quando ouvimos e não discutimos, quando expomos nossa opinião e respeitamos a opinião do outro, quando não discriminamos ou tratamos com preconceito as pessoas que pensam diferente de nós. Então, todos os dias, ao final das aulas, nos abraçamos. Com o tempo, eles começaram a querer no início das aulas também. 

Penso assim: para uma pessoa sobreviver ela deve receber quatro abraços por dia; para sobreviver com saúde, são necessários oito; para manter-se gente, gostar mais de si, relacionar-se melhor com todos, estar de bem com a vida e ser ainda mais feliz, são necessários 12 abraços por dia! Pequenas gentilezas são aguardar a sua vez, mesmo que tenha chegado antes para pedir um café na cafeteria; abrir a porta do carro quando entra ou sai alguém; dar a passagem no trânsito... Enfim, são tantos "pequenos nadas" que deveríamos exercitar mais.


E como isso muda a rotina dos jovens?



Percebo jovens transformados, mais atentos, curiosos, com sede de aprendizado e de carinho. São pessoas que estão entrando no mundo de adultos, mas que ainda são adolescentes, carentes e ansiosos por representar algo ou alguém na vida de outros. Eles têm sede de tudo. 


Acredito que se todos parassem um pouco, deixassem a pressa de lado ou apenas colocasse sua cadeira na calçada e observasse o que se passa à sua volta seriam pessoas melhores. 


As pessoas têm pressa de tudo. A pressa vem com a falta de gentilezas. Hoje, os homens já não dão seus lugares nos coletivos para as mulheres (nem para as idosas, nem grávidas), ninguém segura o elevador para o próximo...

O que falta para as pessoas conseguirem ser mais gentis umas com as outras?


Falta conscientização, vontade de olhar para o outro, discernimento para entender o que se passa à sua volta, acreditar mais em si e no outro. 
Quando se para e pensa um pouco, se observa mais as coisas à sua volta, e tudo o que acontece. Falta também voltarmos mais pra dentro de nós mesmos, preencher alguns vazios, ocupar nossa vida com aquilo que queremos: respeito, olhares, carinho e a gentileza do outro.




Como você enxerga o mundo hoje?


Percebo o mundo como ausente de bons sentimentos, de palavras doces, de pequenos 'nadas', de gentilezas miúdas. Um mundo com sede de tecnologia, de informação, de inovação, mas que se esquece do lado humano


Acredito que se disseminarmos mais a Cultura de Paz, aonde quer que estejamos, faremos um mundo melhor, onde a valorização da pessoa será bem maior que a da máquina.
Fonte: Revista VIDA SIMPLES, edição 114, janeiro de 2014.

Faça a sua!


Biscoitos da sorte!